segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O Trabalho de: Christopher Nolan

Olá Pessoal!

Hoje, começando mais uma nova linha de artigos, eu farei analises sobre o trabalho de algum artista que eu admiro (ou não), hoje escolhi o diretor britânico Christopher Nolan, por conta da estreia do filme Interestelar, que já estreou faz algum tempo, mas resolvi esperar um pouco para analisá-lo até eu ter uma opinião concreta sobre o filme.

Christopher Nolan nasceu em 30 de julho de 1970, em Londres. Seus filmes geralmente apresentam uma narrativa não-linear (Batman Begins, Amnésia, entre outros), os roteiros bem cerebrais e explicativos também são característica do diretor.

Ele começou fazendo filmes independentes, até ser chamado para dirigir a nova trilogia do Batman, onde consegui maior reconhecimento, tendo maiores orçamentos para seus projetos mais pessoais, como A Origem.

O quão bom esse diretor é? Bem, atualmente três filmes dele estão no top 20 do Imdb de maiores notas do site.

E sem mais delongas, o trabalho de Christopher Nolan, em minha visão:

Doodledug (1997)



Apenas um curta de 3 minutos, mas que mostra bastante do estilo e da atmosfera dos filmes do Nolan, todos seus filmes são enigmáticos.

Following (1998)



Following  conta a história de um jovem escritor desempregado (o filme nunca cita seu nome) que segue pessoas aleatoriamente pela rua em busca de material para suas histórias. Um dia, ele é pego por um homem chamado Cobb que nota que está sendo perseguido, mas Cobb também tem costumes estranhos, ele arromba casas e rouba objetos de valor sentimental das pessoas, como retratos, cds de música e diários.

 Os dois acabam se unindo e se envolvem num roubo maior, que acabará causando grandes problemas.

Esse filme já mostra as típicas características do Nolan, a narrativa não linear, o roteiro complexo e diálogos inteligentes e reflexivos, por exemplo: Cobb diz que rouba objetos de valor sentimental porque as pessoas apenas sabem o que tinham quando as perdem. 

Eu recomendo esse filme, não é obrigatório, mas é uma boa introdução do estilo que veremos a frente, puro suspense com um roteiro cerebral e um final surpreendente. Também é um filme curtíssimo, tem apenas 1 hora de duração (60 minutos exatos), mas o que ocorre no filme é tão complexo que ele parece muito mais longo.

Nolan recebeu elogios por esse trabalho em festivais de cinema, mas dificilmente conseguiu visibilidade no Mainstream, o filme custou apenas 6.000 doláres e faturou 41.000, apesar de pouco lucro, Nolan já foi considerado uma das novas promessas do mundo cinematográfico.
Tanto que ele conseguiu dinheiro para seu próximo filme  com doações do público do Hong Kong Film Festival.


Nota: 8/10

Amnésia (2000)
Título original: Memento



Amnésia é considerado por vários críticos a obra prima de Christopher Nolan, sem dúvidas uma das ideias mais interessantes já colocadas em um filme.

O filme se passa de trás para frente. Ele começa no final e termina no que seria o começo, então nada faz sentido inicialmente, mas o filme mostra tudo o que levou até aquele ponto, a grande revelação do filme está no começo do filme.

O filme conta a história de Leonard, um homem com problemas de memória (que não é amnésia, mas algum imbecil das traduções não deve ter visto o filme e colocou isso mesmo) que teve a esposa assassinada, ele tenta encontrar o assassino mesmo com sua condição (ele não consegue lembrar-se de memoria novas), tatuando seu corpo com informações importantes que podem  leva-lo até o homem que matou sua esposa.

A narrativa totalmente irregular ajuda a fazer o espectador se sentir como o personagem principal, mas ao final (ou começo) temos uma visão do que realmente aconteceu. Muitos consideram os filmes do Nolan difíceis de entender, eu discordo, considero apenas esse realmente realmente complicado. Considero os outros filmes dele bem mais acessíveis.

Amnésia foi indicado a Oscar de Montagem e de Roteiro, mas perdeu por razões inexplicáveis (Falcão Negro em Perigo, sério?)



Nota: 9,5/10

Insônia (2002)
Título Original: Insomnia



Após o elogiadíssimo Amnésia, Nolan dirigiu esse remake de um filme norueguês homônimo, e tenho que admitir que o filme nem parece dele.

Nesse filme, dois detetives americanos vão investigar um assassinato numa cidade pequena no Alasca em uma época do ano onde o sol não se põe, durante uma perseguição, um dos detetives acaba atirando e matando o outro por acidente (ele confundiu com o assassino), então ele (Interpretado por Al Pacino) deve encontrar o assassino e encobrir a morte do parceiro. Ele sofre de insônia pela constante luz do dia e é atormentado pelo erro que cometeu.

O filme tem uma história interessante, ótimas atuações de Al Pacino e do recém-falecido Robin Williams como o psicopata da trama, o roteiro conta com diálogos reflexivos e inteligentes. É um bom filme, mas dá a impressão de que qualquer outro diretor poderia ter dirigido da mesma forma, então parece que Nolan não contribuiu muito no final, fazendo deste o filme mais fraco de sua carreira.


Nota: 6,5/10

Batman Begins (2005)

                                              

Nolan foi chamado para dar uma nova visão na franquia do Batman, após aquela catástrofe em forma de película chamada Batman & Robin quase enterrar o homem morcego para sempre. Begins hoje não é um filme muito bom, mas na época em que foi lançado ele foi considerado por muitos o melhor filme de super-herói de todos os tempos.

Sem dúvidas foi um filme revolucionário, muitas adaptações hoje que tentam seguir um caminho mais realista e dark são rotulados como algo parecido a Batman Begins. Mas atualmente eu acho que esse filme tem certas falhas, os dois primeiros atos do filme são muito bons, mas o terceiro ato é bem morno e meio que perdeu a linha, o que é estranho, pois deveria ser o ápice da ação do filme.

Acredito que todo mundo já tenha visto o filme, então eu não preciso colocar a sinopse. Pô, quem não conhece o Batman?



Nota: 7,5/10



O Grande Truque (2006)
Título Original: The Prestige

Quando lançado, O Grande Truque foi alvo da piadinha mais obvia que se podia fazer na época, Wolverine vs. Batman, por conta dos principais atores, Hugh Jackman e Christian Bale.

O problema de analisar os filmes do Nolan, é que qualquer sinopse já é um spoiler. Pra dar uma mega resumida, Dois mágicos companheiros do final do século 19 se separam após um acidente de trabalho, os dois então começam um jogo de rivalidades que começa a ficar perigoso e mortal. Tudo em busca de maior prestigio da plateia.

Eu posso lhe dizer que Nolan nos entrega outra obra prima do thriller moderno, eu pensava que um filme de suspense sobre mágicos não funcionaria, mas ele conseguiu fazer a história ser bem realista (o que é inacreditável, sabendo do final do filme). Ambas as atuações de Bale e Jackman estão soberbas, ambos atuando como completos obcecados a derrubar um ao outro. E o final é fantástico, literalmente.

O Grande Truque era um livro antes, e originalmente Sam Mendes (de Beleza Americana) iria dirigir a adaptação, mas alguém  mostrou ao autor do livro o filme Following, e o autor imediatamente pediu que Nolan dirigisse o filme. Pois o estilo do diretor combinava perfeitamente com sua obra.

A película também é uma bela metáfora ao espetáculo, tudo que o artista faz é pelo o apreço da plateia, como o personagem de Jackman diz: “são aqueles rostos, e os aplausos”, o prestígio (nome em inglês do filme) da plateia é viciante, e alguns matariam por isso.

E as últimas palavras do filme não falam apenas com a obra, ela fala conosco, a plateia do cinema:
“Vocês estão aqui para serem enganados”



Nota: 10/10

Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008)
Título Original: The Dark Knight



Provavelmente a obra mais famosa de Christopher Nolan, The Dark Knight dispensa apresentações e elogios, o roteiro ousou ser diferente de outros filmes baseados em HQ e funcionou perfeitamente. Se você tirar o fator super herói do filme, ele ainda funciona como um thriller policial fantástico. A história apresenta uma visão urbana e violenta, e um dos maiores vilões modernos da história cinematográfica, apesar de alguns descrentes pré-lançamento do filme (algo similar está acontecendo agora com Jared Leto), o falecido Heath Ledger apresenta um dos melhores Coringas já adaptados em outras mídias, com profundidade psicológica e mostrando um personagem realmente assustador.

O filme é um exemplo em adaptações, pois ele mistura duas HQs icônicas do personagem, O Longo Dia das Bruxas (Harvey Dent se tornar um vilão após um acidente traumático) e A Piada Mortal (Coringa quer provar que qualquer pessoa pode se tornar louca) em uma história nova com elementos dessas obras, exatamente como uma adaptação deveria ser.

Se fosse procurar algum defeito, eu só consigo pensar em um, Christian Bale fica meio apagado em comparação a monstruosa atuação de Ledger, então parece que o Batman, ao invés de protagonista, vira um coadjuvante em sua própria história. Mas mesmo assim, o filme é considerado um novo clássico, e dificilmente perderá lugar nos rankings de melhores filmes de todos os tempos.



Nota: 10/10

A Origem (2010)
Título Original: Inception.

Esse poster não foi usado no Marketing do filme, o que é uma pena, pois ele mostra a grandeza desse filme.

A Origem é meu filme favorito do Nolan, pois tenho uma ligação nostálgica com ele. Até os 13 anos de idade, eu só ia ao cinema com meus parentes, então eu sempre via os filmes que eles decidiam ver, mas não exatamente os que eu queria. Em 2010, quando Inception foi lançado, o filme fez muito barulho pela sua história complexa, sendo considerado por muitos como o “Matrix” dessa geração. Interessado nisso, juntei meu próprio dinheiro e fui sozinho ao cinema (meus pais não estavam convencidos a assistir), essa foi a primeira vez que realmente me senti independente.

A trama do filme é sobre um ladrão (Leonardo DiCaprio) que utiliza uma maquina de infiltração de sonhos para roubar informações da mente das pessoas, ele é designado junto com um time para implantar (Inception é Inserção) uma ideia na cabeça de um diretor executivo de uma empresa multimilionária. O grande feito de Inception é misturar um filme de roubo com a irrealidade dos sonhos. Tudo pode acontecer num sonho, e o time de ladrões usa isso a seu favor. Nolan merece muito crédito por ter inventado varias regras sobre o trabalho destes ladrões, por exemplo: cada membro precisa de um totem (algum objeto memorável) para terem certeza que estão nas mentes de outras pessoas e não nas próprias; o tempo passa mais devagar no sonho; o subconsciente do alvo vai tentar expulsar os intrusos a qualquer custo, só pra citar alguns.

Essa parte complexa deixou muita gente confusa, mas é só prestar bastante atenção nos diálogos, pois eles explicam muito bem o que está acontecendo na trama. Assim como Matrix, se você não gostar desse tipo de história, você ainda têm ótimas sequencias de ação no filme, as possibilidades são infinitas, as cenas de ação são bem únicas, destaque para a luta antigravitacional num corredor de hotel de luxo.

Outro fator foi sua trilha sonora, diria que uma das mais revolucionárias dos últimos anos, 90% de trailers de filme hoje copiam a “buzina de caminhão” icônica do filme. Considero a obra prima de Hans Zimmer, junto com a trilha de Piratas do Caribe.




A Origem também é uma prova que filmes mais “cabeça” ainda podem fazer sucesso, o filme arrecadou 825.532.764 dólares (825 MILHÕES!!!) no mundo todo, ocupando o lugar 41 nas maiores bilheterias da história.



Nota: 825 milhões de doláres/10

P.S: eu sei que The Dark Knight arrecadou um bilhão de dólares, antes que venham falar. Mas gosto mais de Inception.

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)
Título Original: The Dark Knight Rises



A primeira vez que vi TDKR, achei um filmaço, melhor que Vingadores, melhor filme de 2012, melhor filme de herói. Mas após rever ele várias vezes, vejo que um filme bem problemático.

O vilão, Bane, apesar de inicialmente parecer muito bom, é mostrado apenas como um capanga de luxo no final; Bruce Wayne recluso tira totalmente o significado do final de The Dark Knight; Uma cura inexplicável para uma coluna quebrada e uma das piores cenas de morte da história por uma ótima atriz meio que enterram esse filme. Parece que Nolan queria apenas terminar a trilogia de vez, sem muito cuidado com um roteiro um tanto falho na execução.


                                      Nível The Room de qualidade.

Mas ainda considero a mensagem do filme válida, o filme se trata de ressurgir, assim como o mito da fênix, queimar e sair das cinzas, falhar e continuar lutando pelo melhor. A prisão mostrada no filme, apesar de trair a atmosfera realista da trilogia, é uma metáfora bonita sobre cair no fundo do poço, e escolher subir de novo ou continuar preso na escuridão. Isso é algo que vemos desde o primeiro filme, quando o pai de Wayne pergunta: "Por que caímos, Bruce? Para podermos nos levantar novamente".

Então acho que a ideia do filme foi muito boa e ainda tem valor, só esperava que a execução dela fosse melhor, por alguns erros ele acaba sendo meio fraco, mas não acredito que seja o lixo que muitos dizem ser.



Nota: 7/10

Interestelar (2014)
Título Original: Interstellar

                                   O típico visual que se encontra nos filmes do Nolan.

Provavelmente o filme com mais opiniões divididas  do ano, alguns amaram, acharam um clássico moderno, outros odiaram, acharam chato e pretensioso, outros (como eu) acharam que apesar de algumas falhas, ainda se mantem um filme imperdível.

Interestelar é o filme mais estranho de Nolan, não parece exatamente algo dele, mas ao mesmo tempo, tem vários elementos dele no filme. isso porque esse projeto já passou pelas mãos de Steven Spielberg, e muito de Spielberg esse filme tem, todo a trama da família de Cooper( o personagem de Matthew McConaughey) é bastante inspirada nos elementos do diretor.  Até temas como amor e afeição são mostrados aqui, algo que o diretor nunca mostrou muito em suas histórias.

No filme, o mundo está morrendo, com poucos suprimentos e com as plantações morrendo, um fazendeiro chamado Cooper, que no passado foi piloto da Nasa, é convocado com um time de cientistas para procurarem através de um buraco de minhoca, um planeta que seja habitável pela raça humana.

A atuação de McConaughey é boa, mas o mesmo do que ele já mostrou em trabalhos anteriores, Anne Hathaway está meio apagada, sua personagem não é muito boa, Jessica Chastain está meio que lá, sem fazer muito barulho com sua atuação, quem realmente brilha é Mackenzie Foy como Murph, filha de Cooper, em uma das melhores atuações infantis que já vi, tente não partir seu coração na cena onde ela se despede do pai, tente!

O filme teve grande cuidado em mostrar a maior parte do filme com os fatos científicos corretos, não há som no espaço, nem explosões, o buraco de minhoca é provavelmente a melhor representação visual do que realmente deve ser. Claro, o filme não é perfeito, é impossível nuvens congelarem como no planeta gelado que eles vão, e é bem improvável que um cientista chegaria perto de um buraco negro (essa coisa ENGOLE LUZ).

Muitos reclamaram do dialogo expositivo (estilo de dialogo onde se explica tudo que está acontecendo), eu pessoalmente não me incomodei, Inception também era construído em exposição, e Interestelar ainda é um Blockbuster, o público médio não faz ideia de alguns termos que usam no filme, então acho válido ele explicar.

O problema para mim se encontra no terceiro ato, eu não posso descrever exatamente o que acontece (pois seria spoiler), só digo que o final é meio covarde e bem previsível, algo que não esperava do Nolan, os finais de seus filmes são sempre bem fortes, esse foi bem morno.

Não é o filme mais fraco da carreira de Nolan como muitos dizem (longe disso), mas ele foi sim, meio decepcionante, principalmente pela fraca parte final do filme, mas ainda considero um ótimo filme e definitivamente, uma das melhores experiências que tive no cinema esse ano.



Nota: 8,5/10

Acho que Nolan pode sim ser considerado um dos maiores diretores da atualidade, nenhum filme dele é realmente ruim (diferente do Shyamalan), alguns podem ser considerados fracos, mas nunca ruins. Também é um dos poucos diretores que fazem filmes inteligentes e que fazem sucesso, numa época de Michael Bay fazendo exatamente o mesmo filme por quatro vezes e arrecadando milhões (Transformers), fico feliz que Nolan faça bons filmes com algum significado além de “Precisamos vender bonecos” ou “O produtor me mandou fazer isso”.

E por isso ele tem meu respeito.

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