domingo, 19 de julho de 2015

Especial: Analisando todas adaptações do personagem Hannibal para o cinema e TV.


Esta postagem inicialmente seria uma adição a série Resenhas Aleatórias, mas no meio do caminho, analisei as duas primeiras temporadas do seriado Hannibal, e já decidi fazer um especial sobre todas as adaptações do personagem de uma vez.

Hannibal: 1ª Temporada


Eu estava esperando a série acabar para poder ver todas temporadas sem ter que esperar, e agora que que infelizmente ela foi cancelada, comecei a ver o seriado do Hannibal. Devo dizer que estava descrente sobre a qualidade da série quando ela foi anunciada, pensava que o personagem Hannibal já havia sido estragado bastante pelo filme de 2001 do Ridley Scott e aquele filme de origem em 2007, então imaginava que esse seriado também ficaria muito aquém da qualidade do Silêncio dos Inocentes.

Foi só quando anunciaram que o ator Mads Mikkelsen atuaria como Hannibal que comecei a botar fé, esse é um dos atores que nasceram pra fazer vilões marcantes, eu tinha certeza que ele faria uma atuação tão boa quanto a de Anthony Hopkins. Soube também que Bryan Fuller era o responsável pela série, e eu sou um grande fã de outra série que Fuller fez alguns anos antes, chamada Pushing Daisies, que infelizmente foi cancelada depois de duas temporadas.

Mikkelsen nasceu pra ser vilão

A história é uma adaptação dos acontecimentos anteriores ao livro Dragão Vermelho, com muitas liberdades criativas, por exemplo, dois personagens trocaram de sexo nesta adaptação, o Dr. Alan Bloom virou Doutora Alana Bloom e o jornalista pé-no-saco Freddie Lounds virou uma ruiva maneira(???). Pelo menos, o tom assustador é o mesmo das obras de Thomas Harris, até diria que mais sombrio que todas as adaptações feitas sobre as obras do autor.

Eu sei que ela é irritante, mas como diabos eu poderia odiá-la? ela é tão bonitinha.

A história começa quando um professor no FBI chamado Will Graham é convocado por Jack Crawford para investigar uma série de assassinatos, Graham consegue simpatizar com assassinos, então ele consegue identificar melhor os fatos numa cena de crime, sendo uma personificação da frase "pra pegar eles, tem que pensar como eles". Sabendo que Graham tem certos problemas, Crawford chama o psiquiatra Hannibal Lecter para ajudar Will psicologicamente(o que sabemos que é algo bem irônico).

A série alterna entre uma trama fixa com casos separados, ou seja, a maioria dos episódios são casos de assassinato diferentes, assim como outras séries de investigação como CSI, mas também tem uma trama principal que ocorre durante os episódios. Uma das diferenças é o nível de violência, Hannibal talvez seja a série mais visceral que já vi, até mais que Bones, os detalhes gráficos de órgãos expostos, mutilações e bizarrices feitas com carne humana é de embrulhar o estomago, mas ao mesmo tempo, é de admirar a mente macabra dos responsáveis pela série ao imaginar formas tão grotescas de assassinatos. Um violino feito com as cordas vocais de uma pessoa, "asas" feitas com as costelas do próprio corpo e um totem feito de 17 cadáveres são só alguns exemplos do que se vê na série, além do canibalismo e culinária macabra já esperada pelo personagem que dá nome ao seriado.

Ou seja, eu não recomendaria Hannibal se você tem um estomago fraco, o tom inteiro do seriado é perturbador, é a violência e o horror sendo elevados a forma de arte.

Um dia comum no mundo de Hannibal

As atuações são ótimas, Hugh Dancy nunca chamou muito a atenção em outras atuações, mas ele ficou ótimo como Will Graham, sendo melhor até que o renomado Edward Norton no papel (que também já interpretou o personagem no filme Dragão Vermelho), Lawrence Fishburne (o eterno Morpheus do Matrix) dispensa apresentações e Mikkelsen não me impressionou muito, mas não se enganem, ele não me impressionou justamente porque eu esperava que ele fosse um ótimo Hannibal, e ele é. Um dos aspectos que gostei foi Mikkelsen ter feito um personagem um tanto diferente de outras representações, ele não é tão sorridente, divertido e assustador quanto Hopkins, mas seu Hannibal certamente é bem interessante, mais quieto, sutil e charmoso, exatamente como você espera que ele fosse antes de ser capturado.

Hugh Dancy como Will Graham

A cinematografia é bem estilosa, com filtros fortes para passar um sentimento de frieza, com muito foco na cor azul, verde e obviamente, vermelho (por todo o sangue que você vê). Os efeitos especiais são bem decentes para uma série de TV (exceto aquela cena do incêndio, que pareceu bem falsa), tendo um foco maior em imagens surreais para explorar as mentes perturbadas dos personagens.

Eu diria que a série é um prato cheio para os fãs de Thomas Harris e do personagem, os fãs do humor negro de Bryan Fuller, e fãs de terror em geral, pois Hannibal se qualifica mais como uma história de terror do que de mistério. Mas é um terror não só visceral como psicológico, e a season finale foi uma grande homenagem e uma grande reviravolta para os fãs do personagem.

Nota: 9/10


Hannibal: 2ª Temporada


Quando o poster já dá um belo spoiler

Eu teria dado nota máxima a primeira temporada se não tivesse visto a segunda logo em seguida, e digo agora que considerando essa temporada, tenho certeza que vou sentir falta da série após o cancelamento.

A segunda temporada de Hannibal pega tudo que funcionou bem na primeira temporada e a eleva para algo mais, dessa vez não perdendo muito tempo com casos isolados e focando mais na trama principal. Para contar a trama, eu teria que dar um spoiler gigantesco da season finale da primeira temporada (se bem que o poster já dá uma dica), então só digamos que se você gostou da primeira, você vai amar ainda mais a segunda.

Olá! Scully, quanto tempo?

Hugh Dancy está melhor do que nunca como Will Graham, fazendo uma atuação misteriosa, pois você nunca sabe quais exatamente são as intenções do personagem, Mads Mikkelsen também está melhor ainda como Hannibal Lecter, dessa vez explorando mais o psicológico do personagem, foi muito bom ver Gillian Anderson de novo (após muitos anos sem vê-la depois de Arquivo X) que está mais bonita do que nunca. A violência continua bastante chocante, o destino de uma personagem especifica (e bem querida) foi bem perturbador, e te deixa na ânsia de ver mais e mais o andamento da história, que eu considerei bem mais consistente que a primeira temporada.

Parem de nos shippar, por favor

A única reclamação que eu teria que fazer, é que achei a inclusão do plot de Mason Verger um tanto desnecessária para essa temporada, fãs do livro já devem saber o que acontece com ele, e apesar de ser legal ver essa plot acontecendo, ele pareceu deslocado do resto da trama, ainda mais por ser um sub-vilão um tanto cartunesco e destoante do tom sério que a série apresenta (o cara bebe lágrimas das pessoas, até parecia o Eric Cartman do South Park).

Bebendo as lágrimas das inimiga

A season finale foi épica, se eu fosse fazer uma lista de melhores season finales que já vi, essa com certeza estaria na lista, digamos que o que o Red Wedding foi para Game of Thrones, o Red Dinner foi para Hannibal.

Nota: 10/10



Na vibe do seriado, decidi analisar todos os filmes inspirados nos livros do personagem Hannibal.

Manhunter/ Caçador de Assassinos (1986)
Direção de Michael Mann



Muita gente se engana ao achar que a primeira vez que o personagem Hannibal deu as caras no cinema foi em Silêncio dos Inocentes, quando na verdade, o personagem já havia sido adaptado no filme Manhunter de 1986, dirigido pelo grande Michael Mann (de Fogo contra Fogo e Colateral).

Talvez esse engano seja por terem mudado o título do filme, que originalmente se chamaria Dragão Vermelho (o nome do livro do qual o filme é baseado), o nome foi trocado para o público não achar que esse fosse um filme de fantasia, e considerando que o filme foi um fracasso de bilheteria, eu diria que essa manobra não funcionou muito bem.

Mesmo assim, já digo agora que Manhunter é uma ótima adaptação, com uma visão bem diferente do que estamos acostumados das outras adaptações dos livros de Thomas Harris, essa é a visão de Mann sobre o livro, e é possível ver bastante do estilo dele no filme, principalmente o foco em um suspense urbano, muito comum nos filmes do diretor.

Na trama, o investigador aposentado Will Graham (William Petersen) é convocado por Jack Crawford (Dennis Farina) para investigar os assassinatos cometidos pelo Serial Killer denominado "Fada do Dente"(Tom Noonan), Graham volta ao trabalho e precisa da colaboração de um antigo inimigo, Hannibal Lecter (Brian Cox), para ajudar a encontrar o assassino.

O Hannibal Lecter de Brian Cox

As atuações foram bem decentes, Cox não brilha muito como Hannibal, em defesa dele, o personagem só tem três cenas no filme, e por mais bom ator que Cox seja, ele está muito longe de um Anthony Hopkins, Farina só faz o tipico chefe de policia bigodudo no papel de Crawford, já Noonan e Petersen estão perfeitos nos papeis. Petersen está tão bem que Hugh Dancy se inspirou muito mais nele quando foi fazer o seriado do que no Will Graham de Edward Norton, e isso é algo a se considerar, Noonan já é naturalmente assustador, e ele consegue ser aterrorizante mesmo com uma meia calça ridícula na cara que ele usa durante um assassinato.

Will Graham de Hugh Dancy e William Petersen são bem semelhantes

O filme tem suas falhas, muito pelo quão datado ele ficou, Manhunter ainda é um filme de suspense/ação dos anos 80, e muitos clichês da época aparecem aqui, como a trilha sonora tipica de sintetizadores que distraem um pouco do tom sério que o filme quer passar, principalmente no final onde toca um soft rock puro de música de superação que só os anos 80 poderiam oferecer.

De boas planejando uns assassinato

O veredito é que, apesar de ser bem fraco em comparação com o próximo filme que irei resenhar, Manhunter tem suas qualidades próprias, e é muito interessante ver uma visão diferente da história, pois Hannibal e Dragão Vermelho tentam muito imitar o estilo de O Silêncio dos Inocentes.

Curiosidade: O nome do jogo Manhunt é em homenagem a esse filme, tanto que o vilão do jogo é dublado por Brian Cox, o Hannibal do filme.

Nota: 8/10




O Silêncio dos Inocentes (1991)
Direção de Jonathan Demme


Quando até o pôster do filme é uma obra prima

Meu problema em escrever sobre filmes clássicos é que sinto que não tenho muito o que acrescentar em comparação com outras criticas (deixando bem claro que não sou critico nenhum). Todos sabem a importância que O Silêncio dos Inocentes teve para o cinema, o que mais eu poderia dizer?

Mas irei tentar mesmo assim.

Na trama, a policial novata Clarice Starling (Jodie Foster) precisa da ajuda do prisioneiro psicótico e manipulador Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) para capturar um serial killer que esfola suas vitimas denominado Buffalo Bill.

O filme sempre será lembrado pela atuação monstruosa de Anthony Hopkins como Hannibal Lecter, e revendo hoje, ainda se mantém impecável, Hopkins tem uma presença inacreditável, tudo nele é assustador, o modo de falar e de nunca piscar enquanto encara a câmera, todas que vezes que vejo esse filme, eu me encolho no sofá sempre que ele aparece.

Hopkins está sugando sua alma nesse momento

Essa cena inteira é uma obra-prima, a primeira aparição de Lecter, onde ele fica esperando Clarice chegar perto só a acompanhando com a cabeça enquanto o corpo fica imóvel, o fato de ser a única cela do corredor que é protegido por uma parede de vidro ao invés de grades (o cara é tão mal que nem grades podem o conter), todo o dialogo dele e as expressões de Clarice.  Hopkins garantiu seu Oscar apenas com essa cena.

"I ate his liver with some fava beams and a good Chianti"

A atuação de Jodie Foster também é muito memorável, sendo provavelmente o melhor papel de sua carreira, sua Clarice Starling é uma das personagens femininas mais fortes do cinema, por ser tão durona e inteligente (até mais) que seus colegas do FBI, mas sem perder a feminilidade. O que é ótimo, pois é uma armadilha muito comum em Hollywood um roteirista querer criar uma personagem forte e acabar transformando ela em basicamente um homem com peitos.

É interessante ver como filme é um tanto feminista, nos sentimos como Clarice durante o suspense, até as cenas onde outros homens ficam encarando ou duvidando das capacidades dela, nós sentimos o seu incomodo, mesmo sendo homem eu me senti incomodado e pensando "parem de olhar para ela, por favor". Tanto que os únicos homens que Starling cria afeto são seu chefe Jack Crawford (Scott Glenn) e o próprio Hannibal, pois são os únicos personagens masculinos no filme que acreditam no potencial dela e não tem preconceitos sexistas.

A relação entre Starling e Lecter é um dos "romances" mais bizarros do cinema, porque apesar de ser obviamente errado e ser uma relação mais focada em manipulação do que em afeto, ambos tem um respeito mútuo muito peculiar.

Hannibal, o terror das novinha

O vilão também é ótimo, Ted Levine faz um vilão bem assustador inspirado nos tipos de Norman Bates (vilão travesti bizarro), e a cena final onde Clarice se encontra no covil dele é uma das sequências mais tensas que eu já vi.

"Put the lotion in the basket"

A única coisa que eu reclamaria, mas bem pouco, é que o ator que faz Jack Crawford não é muito memorável, não que Scott Glenn seja um ator ruim nem nada, ele só é bem esquecível em comparação com Dennis Farina, Harvey Keitel e Laurence Fishburne.

Em todo o resto, O Silêncio dos Inocentes é uma obra-prima do cinema, que é pai de praticamente todas essas histórias de investigação forense atuais, como CSI, Criminal Minds e obviamente, a série do Hannibal. O filme ganhou 5 prêmios Oscar, incluindo melhor diretor, melhor atriz para Jodie Foster, melhor ator para Anthony Hopkins (óbvio), melhor roteiro e melhor filme de 1991.

O que é bem interessante, O Silêncio dos Inocentes é um dos únicos filmes de horror a ganhar Melhor Filme, junto com O Exorcista e Tubarão, considerando o preconceito que a Academia tem com o gênero, é de se admirar.

Nota: Um churrasco de fígado com favas e um bom Chianti/10



Hannibal (2001)
Direção de Ridley Scott



Thomas Harris só lançou a continuação do livro O Silêncio dos Inocentes em 1999, no livro "criativamente" intitulado Hannibal, então dois anos depois o livro já foi logo adaptado para os cinemas com esse filme. Os direitos da adaptação eram de 10 milhões de dólares, sendo o valor mais alto de uma adaptação na época.

Ridley Scott substitui Jonathan Demme na direção, e apesar de Scott ser um ótimo diretor, o filme é bem mais fraco que seu antecessor. Na trama, Hannibal (Anthony Hopkins) está foragido em Florença  e vive com outra identidade, mas seu disfarce fica em jogo quando uma antiga vitima sobrevivente chamada Mason Verger (Gary Oldman) planeja uma vingança contra o canibal, e Clarice (Juliane Moore) e o investigador italiano Rinaldo Pazzi se envolvem com Hannibal nessa trama ao tentar procura-lo.

Hannibal: Ousado e Comedor 

Os problemas já começaram na produção, Jonathan Demme e Jodie Foster receberam 15 adaptações diferentes do roteiro e recusaram todas, algumas plots do livro foram abandonadas ou mudadas completamente.

Eu não considero o filme necessariamente ruim, ele só é muito fraco em comparação com O Silêncio dos Inocentes, todos os atores parecem estar no piloto automático, ninguém brilha ou faz uma grande atuação, até Hopkins que antes tinha uma aura maligna o cercando o tempo todo, agora só imita algumas características do personagem e nunca sai do lugar comum. Por mais que eu goste de Juliane Moore, ela está fraquíssima em comparação com a atuação fantástica de Foster, fazendo uma Clarice robótica e sem emoções.

Mas não tenho nada a reclamar deste vestido

Outros como Gary Oldman e Giancarlo Giannini até se esforçam em seus papéis, o problema é que o personagem Mason Verger não é tão interessante assim, em defesa dele, a quantidade de maquiagem impossibilita qualquer expressão. Já Giannini faz um bom papel como investigador Rinaldo Pazzi e sua plot é a que eu mais gosto nesse filme.

Acredite, esse chiclete mascado da foto é o Gary Oldman no filme

Comida italiana 

Até Ridley Scott parece ter feito esse filme só pelo dinheiro (não seria a primeira vez), penso que ele deveria estar mais focado nas filmagens de Gladiador e dirigiu esse filme de má vontade. Pois o filme não tem nenhum estilo, me parece que qualquer diretor poderia ter filmado da mesma forma.

E por último, a razão de muitos odiarem esse filme, a cena final, dependendo de sua personalidade, pode ser a coisa mais nojenta ou mais engraçada que você já viu, onde Hannibal captura o personagem de Ray Liotta (que é tão chato e insignificante que eu nem vou procurar o nome) e o faz comer seu próprio cérebro. No meus caso, é uma mistura das duas reações, a ideia é aterrorizante, mas os diálogos imbecis e o fato de ninguém ligar a minima para esse personagem não conseguem me fazer levar nada disso a sério.

Bem, isso explica o Liotta ter filmado com Uwe Boll depois, aparentemente ele realmente comeu o próprio cérebro 

Essa trama agora está sendo adaptada na terceira temporada da série, é já digo agora que é bem melhor lá, até a recriação da cena do cérebro conseguiu ser o que inicialmente deveria ter sido, perturbadora.

Nota: 5/10




Dragão Vermelho (2002)
Direção de Brett Ratner



Apesar de ter sido um filme problemático, Hannibal foi um grande sucesso de bilheteria, e apenas um ano depois, mais um filme do Hannibal com Anthony Hopkins foi lançado, desta vez baseado no primeiro livro do personagem, Dragão Vermelho, e de certa forma, é um remake de Manhunter.

A trama é a mesma que eu já escrevi antes na resenha de Manhunter, mas com algumas adições, algumas interessantes, outras não muito. Você até poderia achar que desgosto desse filme ao ler minhas criticas ao filme antes mesmo de ter chegado nele, mas a verdade é que eu gosto de Dragão Vermelho, foi o primeiro filme do Hannibal que eu vi, eu tinha 12 anos e pensei que era um filme de fantasia sobre um dragão vermelho. Eu fiquei horrorizado quando vi sobre o que realmente era, mas ao mesmo tempo tinha ficado bem interessado nesse tipo de história.

Isso não significa que o filme não tenha seus problemas, apesar de ser um ótimo ator, Edward Norton fez o Will Graham menos interessante de todas suas adaptações, ele não tem a loucura reprimida que Will Petersen e Hugh Dancy mostraram tão bem e que é essencial ao personagem (afinal, o motivo dele ser um investigador tão bom é o fato dele simpatizar com os assassinos), Norton tem pouco disso, ele faz um investigador completamente normal.

O Will Graham de Edward Norton

Brett Ratner foi uma escolha estranha para a direção, ele não tinha dirigido nada demais até esse filme (Hora do Rush 1 e 2), e a maioria do sucesso do filme parece ter sido resultado não da competência do diretor, mas do quão bem ele conseguiu imitar o estilo de O Silêncio dos Inocentes, a cinematografia é bem semelhante, com as mesma cores frias que vimos depois no seriado também. Em defesa dele, esse é sem duvidas o melhor filme da sua carreira, e duvido que ele vá chegar perto de fazer algo melhor no futuro.

Agora comentando sobre as coisas boas, Ralph Fiennes (o eterno Lorde Voldemort) está ótimo como o Serial Killer Fada do Dente, fazendo um vilão muito mais trágico e humano do que o visto em Manhunter, Phillip Seymour Hoffman aparece pouco, mas em uma boa atuação, e Emily Watson está ótima como a "namorada" cega do vilão, ela dá a melhor atuação do filme, sim, melhor até que Hopkins.

Bora matar Harry Potter
Os romances bizarros típicos de Thomas Harris

Isso porque, você já sabe o que esperar de Hopkins como Hannibal, e ele entrega isso muito bem aqui, certamente muito melhor do que sua atuação piloto automático no filme Hannibal. Ele parece se sentir mais a vontade no papel novamente, talvez ele fique mais confortável atuando numa cela de prisão.


Um dos aspectos que gostei muito foi terem representado a tatuagem do Dragão Vermelho nas costas do vilão, em Manhunter essa parte foi ignorada, e é muito interessante ver essa parte da plot receber a devida atenção.

"O grande dragão vermelho e a mulher que vestia o sol" de William Blake

A transformação

Outro fator muito bom é a trilha sonora de Danny Elfman, capturando a intensidade da trama em forma musical.


Dragão Vermelho têm pequenos problemas, ele tenta muito ser um novo Silêncio dos Inocentes e falha nisso, mas ainda é um bom filme, apesar de alguns aspectos serem inferiores a Manhunter, eu diria que ambos estão no mesmo nível.

Nota: 8/10



Hannibal: A Origem do Mal (2007)
Direção de Peter Webber



É comum quando você tem um personagem tão fascinante como Hannibal, que os fãs fiquem interessados nas origens das características dele, mas as vezes explicações de "por que tal personagem é do jeito que ele é?" não são necessárias.

Hannibal não precisava de um filme de origem, um dos fatores que o tornam tão interessante é o quão misterioso seu passado é,  não precisava ter uma história contando detalhadamente o que o fez se tornar tão mal, teorizar sobre isso dava uma aura muito mais assustadora e mistica ao personagem. Mas mesmo assim, considerando que o próprio Thomas Harris escreveu o roteiro, era de se esperar algo minimamente decente, era.

Na trama, Hannibal e sua irmã Mischa perdem os pais na segunda guerra mundial, eles ficam escondidos numa cabana, até que um grupo de nazistas se apossa do lugar, e por conta da fome, matam e devoram a pequena Mischa. Hannibal fica traumatizado e planeja uma vingança contra esse grupo, começando suas tendências assassinas e canibalísticas.

Eu não quero gastar muito tempo escrevendo sobre esse filme, então vamos rápido aos problemas. Seria interessante se o filme realmente focasse nos primeiros estágios da psicopatia de Hannibal e fosse evoluindo até chegar ao canibal mais famoso do cinema, mas não, ao invés disso, o filme se torna uma trama de vingança que você já viu um milhão de vezes em outros filmes, Hannibal vira um psicopata de uma cena pra outra, e no final tem até clichê de resgate da mocinha. O ator francês Gaspard Ulliel (que faz o jovem Hannibal), apesar de não ser tão ruim quanto poderia ser, ainda é muito fraco para viver um personagem desse porte, na maioria das vezes, ele só faz cara de mal pra câmera e tenta imitar sem sucesso o olhar cortante de Hopkins, a atuação dele me lembrou Hayden Christensen nas prequels de Star Wars (e olha que ele fez teste para fazer esse personagem também).

Hannibal da revista Capricho

O visual tem pouquíssimo estilo, parecendo muito um filme feito para TV, com uma direção bem medíocre. Todos os outros atores estão bem medianos, e Rhys Ifans como o grande vilão e responsável pela psicopatia de Hannibal está horrível no papel, fazendo uma atuação exagerada e ridícula, ele até parece um vilão de desenho animado.

Como se um vilão lixo não fosse suficiente

A violência não é nada demais, tem alguma cena ou outra de mortes criativas (a cena da decapitação por corda amarrada em cavalo, por exemplo, foi bem legal), mas ainda bem longe da criatividade dos filmes anteriores e o seriado de TV.

Admito, essa cena foi legal

Agora, os poucos fatores que gostei, o inicio do filme até uns 15 minutos é um pouco decente, apesar dos vilões caricatos, o visual de filme de guerra e a história até conseguem um interesse, a cena do cavalo foi bem criativa, e a atriz que faz a tia japonesa do Hannibal é bem gata.

Ganhou mais 1 ponto só por isso

Não tem muito do que falar sobre esse filme, além de que ele é ruim, o personagem tem tanto potencial e Harris veio com uma história totalmente clichê e pouco inspirada, até parece que ele escreveu o filme (e o livro) só por obrigação ou por pedidos de fãs.


Essa trama está sendo mencionada sutilmente na terceira temporada do seriado, e também foi feito um trabalho muito melhor lá.

Nota: 4/10




Até o momento essa foram todas as adaptações do personagem, só irei falar bem vagamente o que estou achando da terceira temporada. Começou bem estranha, bem distante do tom das duas primeiras temporadas, os três primeiros episódios foram bem esquisitos, em roteiro e montagem, mas a partir do quarto episódio, a série voltou aos trilhos e está indo muito bem.

Apesar de inicialmente ter achado desnecessário mencionar o filme de origem, foi feito de forma bem melhor no seriado, e até o livro Hannibal foi bem melhor adaptado no seriado do que no filme, com o material que temos até aqui, é certo dizer que a série é a melhor coisa relacionada ao personagem desde O Silêncio dos Inocentes.

Fico triste em saber que a série será cancelada com pouca esperança de outro canal pegar os direitos e continuar, enquanto outras diversas séries medíocres ganham renovações que não vão adicionar nada de novo.






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