segunda-feira, 27 de junho de 2016

Resenha: Game of Thrones: Sexta Temporada


Importante: contém spoilers das cinco primeiras temporadas, os spoilers da sexta terão um aviso antes e estarão em itálico.

 Eu amo Game of Thrones, alias, nos últimos anos começo a acreditar que As Crônicas de Gelo e Fogo é minha saga favorita de fantasia, até mais que Senhor dos Anéis e Harry Potter (que vamos admitir, são os únicos de real sucesso), pelo seu realismo, história e personagens complexos, batalhas extremamente emocionais e viradas de roteiro incríveis, mas estou me referindo mais aos livros do que a série.

A série não é perfeita, achei a quinta temporada bem fraca com exceção de um episódio (Hardhome), e o problema parecia ser que naquele momento a série encontrava dificuldades de adaptar o quarto e o quinto livro e inventar novas histórias ao mesmo tempo, porque o seriado não adaptou 100% do que estava no livro, e seria realmente bem inviável, são muitos personagens e muitas tramas secundárias para caber em 10 episódios de uma hora.


Agora que a série oficialmente passou dos livros, acredito que Game of Thrones ganhou um novo rosto próprio, e isso não é ruim de modo algum, mesmo que a série inegavelmente se tornou um tanto previsível.

A imprevisibilidade dos acontecimentos era algo que diferenciava as obras de George R.R. Martin  de outros livros de fantasia, momentos como a morte prematura de Ned Stark e o massacre do casamento vermelho eram chocantes e únicos, reviravoltas completas das narrativas comuns, e o interessante era ver onde essas reviravoltas iriam seguir.


Então após ultrapassar as tramas dos livros, como que a série poderia continuar nos surpreendendo?

Senão com reviravoltas, então com espetáculos.

Se de certa forma perdemos a imprevisibilidade, ganhamos exatamente aquilo que queríamos: guerras, conflitos diretos entre personagens importantes, e finalmente, resoluções, algumas exatamente como os fãs previram.


Esse é um problema que os livros têm, Martin criou tantas tramas secundárias que ficou difícil para ele como autor arranjar conclusões satisfatórias, e acredito que esse seja o motivo da demora do lançamento de livros novos.

Diria que o ponto mais fraco desta temporada foi o treinamento da Arya em Braavos, foi um tanto decepcionante toda aquela construção para uma conclusão tão comum, Aviso de spoiler:  Toda aquela parte final dela escapando da mulher sem face, levando facadas e ainda tendo forças para fazer parkour pareceu bem mal escrita.

Arya ficou cega ao assistir as cenas de Dorne na quinta temporada

O cerco de Riverrun também pareceu muito apressado e teve uma conclusão bem medíocre, tanto que prefiro nem comentar muito sobre, assim como tudo sobre Euron e os Greyjoy.

Com isso dito, Game of Thrones se tornou bem mais simples, mas continua envolvente, pelo menos as tramas principais. Alguns momentos de ouro foi a revelação do nome do personagem Hodor no quinto episódio, foi bem emocional, a cena que antecede foi bem tensa e reminiscente dos melhores momentos de Hardhome.

Nunca o ato de segurar uma porta foi tão emocional

Aviso de spoiler: Apesar da volta do Jon Snow a vida ser bem previsível, fizeram bom uso do personagem, e ele nos deu alguns dos melhores episódios dessa temporada.

Agora, ao principal, os dois últimos episódios talvez tenham sido o momento mais épico na história dos seriados, a guerra dos bastardos foi a melhor guerra já feita na televisão, o diretor de ambos os episódios, Miguel Sapochnik, se mostrou um monstro da direção, e olha que antes disso ele não havia feito nada de impressionante (um filme sci-fi bem medíocre chamado Repo Men), mas me parece que GOT liberou o gênio cinematográfico que vivia dentro dele, porque há momentos de pura genialidade nos episódio 9 e 10.

Por exemplo, Aviso de spoiler: Jon Snow quase morrendo pisoteado na guerra, o tema dos starks tocando ao fundo, até ele escalar os corpos e recuperar a respiração; a morte poética de Ramsay Bolton; o plano sequência no meio da batalha.

O mosh pit mais brutal dos sete reinos

Arrisco dizer que o episódio 10 foi o melhor final de temporada desde o final da terceira temporada de Lost, e isso foi há 10 anos atrás, a primeira cena foi uma das composições mais diabolicamente bonitas que eu já vi, a junção da música com os acontecimentos foi espetacular, as revelações e promessas para a próxima temporada vão fazer difícil a espera de um ano até lá.

Todos se ajoelham perante a rainha louca

Eu não consigo achar a cena completa ainda, mas fiquem com a música, que como eu disse, é diabolicamente linda.



Se fosse apenas por esses dois episódios, essa temporada ganharia nota máxima sem pensar duas vezes, mas como devo analisar como um todo, ainda houveram partes decepcionantes, mas é só relembrar dessa cena que não consigo baixar mais do que um ponto. Game of Thrones é o maior fenômeno televisivo dos últimos anos, e certamente merece todo o sucesso que está fazendo.

Nota: 9/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário